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terça-feira, 20 de junho de 2017

Ribeirão 161 anos: o Presidente da ACIRP e as platitudes do Prefeito!


No dia de ontem, o jornal Tribuna abriu espaço para dois artigos interessantes, cada um ao seu modo.

Um do Prefeito Duarte Nogueira. Outro do Presidente da ACIRP, Dorival Balbino.

O artigo do Prefeito chama a atenção pela falta de conteúdo e pelas platitudes clássicas das datas comemorativas, quando se escreve e não se diz nada.



Fazendo coro com o próprio editorial do jornal, Nogueira vai construindo um otimismo forçado, superficial. Uma Ribeirão Preto 'acolhedora' e 'harmoniosa' que só existe em catálogos de viagem.

Aliás, acolhimento e harmonia é o que menos se viu nos primeiros 6 meses de Nogueira no comando da Prefeitura.

Foram 39 linhas que qualquer um poderia escrever sem dificuldade.

Nogueira manteve a superficialidade da campanha, desenhando uma ilha da fantasia ribeirão-pretana.

Já o artigo do Presidente da ACIRP traz tudo o que interessa a quem deseja saber o que pensa verdadeiramente a elite de Ribeirão Preto.



Com uma postura nítida de quem enxerga o mundo com olhar do andar de cima, Dorival Balbino toca em temas muito importantes e deixa claro qual é a visão dos mais de '5 mil empresários' que sua associação de classe patronal representa.

Acertadamente, o Presidente da ACIRP cobra do Legislativo e do Executivo uma postura mais séria, transparente e responsável com a cidade e seus cidadãos, e traz para o debate a importância da região metropolitana e da possibilidade de realização de consórcios interurbanos que ampliem as possibilidades educacionais, de saúde, mobilidade e infra-estrutura.

Até aí, tudo bem.

O problema começa quando o Presidente da ACIRP esclarece algumas das prioridades da entidade para Ribeirão Preto, e o Brasil, retomar o rumo: 'reformas' (principalmente a trabalhista e a previdenciária) e a 'internacionalização do Leite Lopes'.

Eis a questão.

As 'soluções' dadas apontam para a agenda de um neoliberalismo tardio, reimplantado a partir de um golpe e vendido como se fosse a salvação nacional por uma mídia hegemônica e por um grupo político oportunista e fisiológico, e para um projeto elitista que, ao longo de 20 anos, só tem causado pobreza e retrocesso para Ribeirão Preto, principalmente para a zona norte.

A ACIRP defende, com mais transparência que o Prefeito, o projeto executado pelo PSDB de Nogueira. Um projeto restrito, elitista e que tem causado o enfraquecimento do setor público, a precarização do trabalho, a extinção de direitos sociais e a concentração de renda, beneficiando o financismo rentista.

É um projeto de cidade que não interessa à imensa maioria dos ribeirão-pretanos.

Ribeirão Preto é uma linda cidade, de um povo trabalhador e guerreiro, mas está longe de ser a cidade 'acolhedora' e 'harmoniosa' pintada nos artigos acima. Pelo menos não àqueles que não tem dinheiro, para os trabalhadores, moradores dos bairros populares e para os mais de 50 núcleos de favela existentes.

Somos uma cidade onde a desigualdade supera a média estadual e nacional. Onde a mobilidade urbana é precária. Onde o sistema público de saúde é problemático. Onde a violência é presente. Onde a exclusão é visível.

Ribeirão Preto, da altura dos seus 161 anos, precisa sonhar com um outro projeto. Um projeto que tenha a democratização e a inclusão como linha central. Melhorar a vida das pessoas, fortalecer as políticas públicas, diminuir as desigualdades e dar a todos as condições de participação política e de decisão sobre tudo que os afetam.

Uma cidade menos desigual e mais participativa é uma cidade menos conflituosa e boa inclusive para o ambiente de negócios e para a vinda de investimentos que gerem empregos e renda, como deseja a ACIRP.

Por fim, é interessante analisar o primeiro parágrafo do artigo do Presidente da ACRIRP quando ele diz: "a incompetência e a corrupção arrasaram com as finanças públicas e o noticiário político se confundiu com as páginas policiais. (...) fomos golpeados duramente em nossa auto-estima de cidadãos".

Claro que ele se refere ao governo Dárcy Vera e ao escândalo da Sevandija, mas bem que poderia se referir ao desgoverno Temer/PSDB, instituído a partir de um golpe e que tem destruído a economia nacional com 'incompetência' e 'corrupção'. Aliás, ao invés de defender as 'reformas' anti-populares, a ACIRP deveria defender um 'novo ciclo de crescimento' necessário fazendo mea-culpa por ter colaborado para a instauração do desgoverno que tanto prejuízo nos dá hoje e ajudar-nos a reconduzir o Brasil de volta à democracia, com a saída de Temer e a convocação de eleições gerais, já!

Ricardo Jimenez




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