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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O conservadorismo, o golpismo, vai ganhar a eleição em Ribeirão Preto! E a esquerda não pode evitar!

Como previsto há tempos por este blog, aqui, a campanha municipal em Ribeirão Preto tende a ser dominada pelo pensamento conservador, golpista e apolítico.

O atual escândalo de corrupção apurado pela PF muda pouca coisa nessa realidade, ou pior, tende a aprofundar o cenário, dado à impotência estrutural, por um lado, e à impossibilidade política, do outro lado, da esquerda ribeirão-pretana em lidar com essa realidade.

A operação Sevandija apenas desnuda parte de uma realidade de décadas na cidade, de domínio do poder financeiro sobre as decisões políticas e o trato da função política como um simples instrumento de interesses pessoais e setoriais, não coletivos, sociais.


Executivo e Legislativo se misturam no toma-lá-da-cá rasteiro e vereadores abrem mão de sua função constitucional de fiscalizar para participar de um balcão de negócios onde a reeleição é o alvo principal para manter o curral eleitoral e as tratativas escusas.

Mas a pergunta é: o que a operação da Pf muda no quadro político de Ribeirão Preto?

Muitos têm a esperança de ver Cícero ou Walter Gomes, entre outros, fora da Câmara, mas será que essa esperança tem base na realidade? De onde esses caras tiram o voto? É possível que ambos, e mais alguns denunciados e afastados, estejam na foto da próxima legislatura, para frustração desses muitos esperançosos.

E as candidaturas a Prefeito?

O conservadorismo ganha de lavada!

Ricardinho é o símbolo da aura coxinha que paira sobre a cidade. Despolitizado, com um discurso senso-comum, prometendo o 'novo', bradando 'contra a corrupção' e aliado à mesma estrutura peemedebista que há 8 anos divide a administração com Dárcy Vera. E o PDT estadual, para tristeza de alguns, apoia Ricardinho, pois é da base de Alckmin, essa é a verdade!

Do outro lado vem a estrutura alckmista de fato. Na linha de frente vem Duarte Nogueira, do PSDB, candidato de Alckmin. Na sua retaguarda, apontando as armas para Ricardinho, vem os peões Rodrigo Camargo (do PTB de Campos Machado, fiel alckmista), o juiz Gandini (do PSB, vice de Alckmin no Estado) e, em menos escala, o PV (sempre fiel ao tucanato em São Paulo).

Tá certo que o juiz é meio outsider, mas é alckmista! (aliás, é preciso lembrar o juiz que em 2012, enquanto 'o primeiro juiz negro do STF julgava o mensalão', ele era do PT, senão fica meio hipócrita, né?).

Enfim, seja no alckmismo do A, ou no alckmismo do B, que inclui o PDT de São Paulo, o golpismo e o conservadorismo dominam tudo por aqui.

E agora começa a agressão mútua. A turma do alckmismo do A (Nogueira e Rodrigo Camargo) diz que Ricardinho é da turma da dárcy e da turma que 'toma um café'. A turma do alckmismo do B (Ricardinho) chama Nogueira de 'ladrão de merenda'.

E vejam as propostas: um promete exame em clínicas particulares para o povão, outro promete 3 AMES e o Bom Prato no HC! Ambos prometem escola em tempo integral para todos. Ambos prometem uma 'administração profissional' e blábláblá.

Pergunta: será que tem algum ribeirão-pretano que ainda cai nessa conversa? Resposta: tem, e muitos! Sabem por que? Porque em Ribeirão manda a mídia tradicional e a política do coronelismo!

(leia aqui, aqui, aqui e aqui)

Todos os partidos e candidaturas acima, de uma forma ou de outra, representam os interesses do empresariado, do agronegócio, da ACI, da especulação imobiliária, da maçonaria, da ala conservadora e direitista da cidade, ala que joga na despolitização e na manutenção do status quo como trunfo, independente ou não de Sevandijas.

A esquerda, o pensamento progressista, não tem a mínima condição de enfrentar essa realidade, e isto inclui este blog.

Vamos falar da esquerda?

A despeito da ação combativa dos movimentos populares e sindicais da cidade, envolvendo a CUT, a Apeoesp, a Aproferp, o sindsaúde, o MST, os movimentos por moradia, toda a juventude combativa de esquerda do PSOL, do PCdoB ou independentes, do movimento negro, de mulheres, LGBT, a esquerda representada pelos sindicatos e movimentos populares não tem a menor chance de disputar, nesse momento, a opinião pública de Ribeirão Preto.

Na parte partidária o drama é o mesmo.

A candidatura do Dr. Hermenegildo, pelo PSOL, que nós entrevistamos no blog, não tem condição estrutural de fazer frente nessa campanha, apesar das boas propostas de radicalizar a participação popular e fazer uma auditoria geral nos contratos da Prefeitura.

A chapa do PCdoB e do PT patina desde o começo. Não conseguiu empolgar a militância e nem mesmo os movimentos populares. Não vamos nem entrar na questão do nome do Wágner Rodrigues ter sido incluído nas investigações, o que por si só é um prejuízo político sério, mas foco na questão da linha política mesmo.

O que Wágner oferece ao eleitor, um debate sobre gestão? Tudo bem que ele conheça bastante sobre orçamento e que tente um discurso otimista de que vai fazer mais com o mesmo, mas 'administração profissional' os golpistas alckmistas também estão prometendo.

Para o eleitor comum é mais do mesmo.

PCdoB e PT não conseguem sair da camisa-de-força do senso comum e do debate circular pautado pela mídia tradicional, e esta campanha exige mais, muito mais.

Além de ter a denúncia do golpismo no centro do debate, e não tem, seria preciso ousar mais nas propostas, radicalizar na gestão participativa, nas propostas urbanísticas. Seria preciso partir para cima do golpismo local com relação à Sevandija, mas como?

E essa fraqueza na linha política é de responsabilidade maior do PT que, com sua experiência e grandeza, devia estar ditando a linha política ou dando a guinada necessária, mas não faz.

Enfim, com ou sem Sevandija, Ribeirão Preto estará entregue ao conservadorismo, aliado de Alckmin e do golpismo de Brasília. E corre-se o risco de termos uma Câmara ainda pior que a atual e uma prefeitura ainda mais repressiva contra os movimentos populares e regressiva nos direitos sociais e políticas públicas de inclusão e direitos humanos.

Ou a esquerda entende que é preciso repensar a tática e a estratégia, a unidade de ação, as formas de construção material de um trabalho de comunicação com as massas e uma reconstrução das pontes entre os partidos de esquerda e os movimentos populares, ou vamos continuar perdendo eleições e disputas políticas em Ribeirão Preto por muito tempo.

Talvez o desdobramento dos atos Fora, Temer aponte para um bom começo da articulação da esquerda ribeirão-pretana. A conferir.

O Calçadão

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