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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Fundação Lemann e o ensino noturno, o EJA e classes nas periferias!


Dados do INEP mostram que a população brasileira apta a cursar o ensino médio noturno, ou seja, os jovens trabalhadores, perfazem 20% da população. Se somarmos a isso os adultos atrasados em seus estudos e que podem ser atendidos pelo EJA, o número chega a impressionantes 52 milhões de pessoas!

Isso sem contar os cerca de 16 milhões de analfabetos, entre adultos e jovens!

É mentira a alegação do governo de São Paulo de que as matrículas caíram de 6 milhões para 4 milhões nos últimos 10 anos por causa da queda na taxa de natalidade.

Qualquer que seja a alteração nas taxas de natalidade, para cima ou para baixo, jamais isso vai se refletir no ensino noturno em um período menor do que uma geração!

O governo do Estado de São Paulo quer acabar com o noturno e com o EJA por contenção de gastos e por que nos últimos 21 anos o governo tucano levou a educação pública paulista para um processo de privatização das melhores escolas e abandono das demais.

Dados mostram que a tendência no Brasil todo é a matrícula nos cursos noturnos expandirem! Você pode encontrar estudos aqui, aqui, aqui e aqui. As matrículas noturnas nos Institutos Federais triplicaram de 2011 para 2014, no Nordeste e Norte o ensino noturno cresceu 65% nos últimos 10 anos (incluindo EJA) e o EJA, no Brasil, vem crescendo a uma taxa de 5% ao ano desde 2003!

O ensino noturno e o EJA são uma reivindicação histórica do trabalhador brasileiro a partir dos anos 30. É um direito garantido pela Constituição de 1988. As pessoas que procuram o ensino noturno e o EJA são os jovens que trabalham o dia todo, os adultos que não completaram os estudos na idade correta, moças com filhos pequenos etc. Ou seja, no ensino noturno está grande parte do povo trabalhador do Brasil.

Enquanto o Brasil que cresce busca expandir e melhorar o ensino noturno, São Paulo e suas filiais tramam a sua extinção para conter gastos sociais. 

O ensino noturno começou a morrer em São Paulo em 1994, ano trágico, ano da entrada do PSDB no governo.

O PSDB esmagou o ensino noturno, esmagou os sonhos dos seus alunos e esmagou a auto estima de seus professores.

Quem deu e dá aulas no noturno paulista sabe o que é isso.

Os jovens trabalhadores e os adultos estudantes do Estado sucumbiram pela incapacidade do governo em controlar o tráfico de drogas, a violência e pela incapacidade de introduzir um currículo minimamente eficaz para a educação noturna e para o EJA.

O PSDB destruiu paulatinamente a valorização do professor que dava aulas no noturno e esconde a violência oprimindo os professores, colocando seus diretores para perseguir professor e garantir que boletins de ocorrência não sejam lavrados!

25 anos do mesmo partido e o resultado é o descalabro e o sepultamento do ensino noturno e do EJA.

Na verdade, grande parte dos estudantes trabalhadores paulistas, aqueles que podem, migraram para os cursos técnicos federais e do Senai. Os que não puderam, engrossam o número de evadidos, que cresce. Assim como cresce o número de professores que pedem exoneração com menos de 2 anos de trabalho.

A esdrúxula proposta de reorganização do ensino paulista proposta por Alckmin em passado recente e derrotada temporariamente pela luta de estudantes e professores, com ocupação de escolas e envolvimento das comunidades, traz no seu bojo o fim do noturno e do EJA.

Aliás, é pauta prioritária da política tucana para a Educação a transferência da educação pública estadual para ONGs. Isto já é realidade em Goiás e é apenas uma amostra do que está sendo gestado em São Paulo para ser introduzido no Brasil a partir de 2018.

Em São Paulo a luta não terminou. A APEOESP denuncia que o governo está fazendo a reorganização às escondidas, fechando séries nas escolas de periferia e acabando com as matrículas no ensino noturno.

A política tucana se resume a passar o ensino fundamental para os municípios e o ensino médio para as ONGs, lavando as mãos de sua responsabilidade com a Educação Pública, talvez para sobrar dinheiro para enviar às bolsas de valores estrangeiras, como fez com os 6 bi da Sabesp colocados na bolsa de Nova Iorque.

A luta de professores, estudantes, pais e movimento popular em defesa da Educação Pública é cada vez mais necessária pois esse processo acelerou com Dória e a parceria com a Fundação Lemann.

Blog O Calçadão

4 comentários:

Anônimo disse...

EDUCAÇÃO DO PSDB.
No dia que a maioria paulistana aprender a votar o Brasil respirará aliviado.

Rodrigo Petit disse...

Toda a educação paulista está falida pelo PSDB. Eu dei 2 anos aula como efetivo no Estado e depois exonerei meu cargo, não tem mais condição de trabalhar como professor aqui no Estado de SP. A educação está destruída e aniquilada. Estou deixando minha profissão de professor para trabalhar com outras coisas, trabalhar como professor no Estado nunca mais.

Unknown disse...

Eu dei aula no ensino publico noturno para alunos de 16 a 45 anos, TODOS trabalhadores: empregadas domésticas, operários, porteiros, etc, eu via o enorme esforço que faziam para poder estudar e tentar "melhorar" de vida, eram pessoas incríveis, fortes, corajosas, honestas, esforçadas...algumas meninas eram mães e tinham que levar seus bebês para a aula por não terem com quem deixar, mas não queriam parar de estudar.
Agradeço a todos que votaram nesse verme por isso...por destruir sonhos.

Luiz octavio disse...

Já cheguei a dar aulas em uma escola em Ribeirão que possuía 25 sala no período noturno, entre ensino fundamental e médio; hoje não deve ter seis salas.

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