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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Homem, branco, velho, eleitor de Aécio e de classe média, eis o perfil do manifestante.


Dados do Datafolha sobre o perfil do manifestante: 61% homens, 40% com mais de 50 anos, 76% com curso superior, 75% se declaram brancos, 77% votaram no Aécio e 42% tem uma renda familiar que varia entre 8 e 16 mil reais mensais. São anti-petistas absolutos e defendem o impeachment mesmo que para isso tenham que apoiar Eduardo Cunha.

Repetimos, então, a nossa análise expressa no artigo: Após fracasso do golpe, sobram Aécio e os "manifestantes da CBF"!: aqueles que foram às ruas ontem representam o que restou dos mais extremistas eleitores de Aécio, uma parte da classe média muito sensível ao discurso midiático, que não suporta a ideia de ter que pagar mais para que milhões possam ter também o direito de melhorar de vida e que veem na "justiça"/"justiceiros" o caminho salvador para "limpar" o país, no caso a "ameaça comuno-petista".

O juiz de Curitiba e seus "meganhas" surgem como heróis contra aqueles que querem "meter a mão no seu bolso" e compram facilmente o discurso seletivo e hipócrita do "combate à corrupção" da mídia tradicional.

Vivem num mundo bipolar, "eles contra nós", onde debates mais profundos sobre sonegação de impostos, história política, realidade das periferias, políticas educacionais e complexidade do presidencialismo de coalizão pós-ditadura não fazem parte do cardápio.

É um perfil udenista bem conhecido desde 1964 e que ganhou as ruas a partir das "marchas de junho" de 2013, quando a globo encampou os protestos e deu corpo aos direitistas.

Têm a marca da intolerância, também api uma característica peculiar dos movimentos ultra-conservadores.

Mas apesar do ódio e da obtusidade que demonstram, eles, como representantes de uma parte da classe média, podem servir, sim, de baliza para futuras ações governamentais e para as pautas da mobilização dos movimentos sociais. Eles são o grito que nos mostra que é hora de construirmos instrumentos que promovam a inclusão social taxando mais os mais ricos, mas os ricos de verdade, como os bancos e aqueles que vivem da ciranda financeira e busquemos facilitar a vida daqueles que vivem a partir do contra-cheque, principalmente dos trabalhadores que vivem com até 4 salários mínimos.

É momento de ampliar o discurso, de envolver mais pessoas em uma retomada do projeto nacional.

O perfil do manifestante "da Paulista" não é o perfil do brasileiro e nem deve ser a prioridade das ações do Estado, mas a análise de sua existência é importante. Se o manifestante da "Paulista" não é o retrato do brasileiro, onde está o que que sente o "brasileiro"?

Responder a esta pergunta é voltar para a campanha eleitoral, onde 54 milhões de brasileiros, incluindo muitos de classe média que conseguem ver e acreditar num país menos injusto, apostaram na continuidade de um governo que teve como sua maior conquista os avanços sociais.

Muitos encontram-se justamente decepcionados com o início do segundo governo Dilma.

É hora de retomar bandeiras, tanto o governo quanto os partidos e os movimentos sociais. Taxação de grandes fortunas, combate à sonegação, reforma tributária com impostos progressivos, investimento em educação, banda larga gratuita, reforma política com proibição de doações empresariais. Mas, fundamentalmente, é preciso agir na juventude, juventude que não está presente e nem representada pelos manifestante da "Paulista".

É momento de se discutir o país a partir de uma agenda que interesse àqueles que sonham com um país em crescimento com redução das desigualdades, incluindo os trabalhadores e os setores progressistas da classe média, assim como foi na campanha vencedora de 2014. E deixemos que os manifestantes da "Paulista" criem o seu próprio partido, tendo, quem sabe, uma chapa Presidencial composta por Bolsonaro/Caiado ou Aécio/Cunha, tanto faz.

Ricardo Jimenez

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