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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A escritora Juliana Sfair conversa sobre cultura, literatura e sentimentos com O Calçadão!

"Oh, como vai ser engraçado quando me virem aqui, através do espelho, e não puderem me alcançar".

Assim, com uma frase de Alice no País das Maravilhas, que a  ribeirão-pretana Juliana Sfair abre o seu livro Adorável Pecadora. Um convite para um passeio pelos sentimentos e sensações contidos em sua literatura. O desejo de abraçar o mundo, a angústia de ver o tempo passar na buscar de sorver o conhecimento, os sabores e as cores da vida.

Juliana Sfair conta para O Calçadão o que a levou a se tornar escritora, fala sobre a Feira do Livro e o ambiente literário de Ribeirão Preto.

Escrever é um ato de coragem, de quem não tem medo de se arriscar, ensina.

Confira a entrevista.

O Calçadão- "Hoje a moça resolveu escrever não mais como hobby. Hoje a moça resolveu escrecer por ser diferente e tão igual aos sonhos de vocês. Hoje a moça transformou-se em rainha das palavras". Esse texto inicial de seu livro Adorável Pecadora nos mostra alguém que sempre escreveu, mesmo que por hobby, inicialmente. Como e quando você se percebeu escritora?

Juliana- Posso dizer que sempre tive Cadernos de Versos, livro de Redação e de Literatura na adolescência. Escrevia o que transbordava. Naquela época tudo era registrado em folhas de papel e guardado. Escrevia para mim, era uma forma de cura. A arte salva sempre.
Depois comecei a escrever no meu antigo Blog e as pessoas começaram a comentar, esperavam um texto novo e muitas vezes confundiam a realidade com a ficção. É normal essa confusão que criamos no leitor ( só não é muito bom de ter que ficar explicando – risos ).
Escrevi também uma peça de teatro para adolescentes e que foi montada na Escola de Teatro TPC. Tudo isso ajudou na minha decisão.
Eu precisava posicionar-me em relação à escrita e numa noite ao voltar de uma aula de ballet contemporâneo, sentei-me na mesa da cozinha e defini ali: eu era realmente uma escritora.
Lancei meu livro em 2012 e comecei a ser convidada para programas de TV ( locais ), entrevistas para blogs e sites.
Foi assim.

O Calçadão- Suas crônicas como "Ame-se", "Emily", "Silêncio Sublime", "Aquela Estranha", "Confissões", dentre outras, mostram uma autora que escreve com a alma, que busca trazer para o papel sentimentos e impressões bastante pessoais mas que ao mesmo tempo provoca empatia no leitor, que em vários momentos compartilha desses mesmos sentimentos e sensações. No seu ato de escrever, na concepção de sua literatura, a figura do leitor é algo presente?

Juliana- Escrevo por necessidade e muitas vezes por fluxo de consciência. Durante o fluxo de consciência você escreve direto e não fica pensando no leitor, se vai atingi-lo ou não. Mas também consigo escrever pensando no meu leitor, em ajudá-lo a superar alguma dor, a libertá-lo. Libertar o meu leitor dos seus medos é o meu maior prazer. É amor.

O Calçadão- Escrever é sempre um ato de coragem, e você deixa essa impressão no fechamento do seu livro. Mas, na sua opinião, escrever também é uma responsabilidade? Que função você enxerga na literatura dentro da sociedade contemporânea?

Juliana- O escritor passa por processos, aprendizados e está sempre tentando melhorar sua escrita. Já vi alguns escritores acharem que estão prontos e não estão. Escrever é também um ato responsabilidade e é preciso ao mesmo tempo provocar o leitor no sentido de tirá-lo da sua zona de conforto, de provocar reflexões. O ser humano fica muitas vezes anestesiado, a literatura tem o poder atingir seus medos e depois salvá-lo através de um processo de desconstrução. É preciso desconstruir para construir.
A sociedade contemporânea quer uma leitura dinâmica, tudo é muito rápido. O escritor também precisar estar atento ao aspecto do comportamento.

O Calçadão- Quais são suas influências na literatura? Você estabelece algum tipo de relação com essas influências no seu ato de criar e escrever?

Juliana- Minhas influências literárias partem da admiração que sinto, mas no ato de escrever, faço valer o meu jeito. Se você ficar tentando ser igual a um outro escritor consagrado, jamais atingirá sua própria identidade literária. E eu particularmente detestaria ser comparada, sou única, como todos somos únicos.
Mas admiro fortemente escritores como Virgínia Woolf, Sylvia Plath, Albert Camus, Arthur Schopenhauer, J.K Rowling, Lygia Fagundes Telles, Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector e Manoel de Barros.
Tenho muitos livros, visito sempre a Biblioteca Altino Arantes. Os escritores que citei acima são meus preferidos no quesito empatia, mas leio muitas biografias.

O Calçadão- Recentemente O Calçadão fez uma entrevista com Galeno Amorim, escritor e criador da Feira do Livro de Ribeirão Preto. Nesta entrevista ele destaca o papel da Feira no lançamento de autores locais. No seu caso, como foi publicar seu livro e se lançar como escritora? Enfrentou muitas barreiras? A Feira do Livro permanece de portas abertas para os autores locais?

Juliana: Olha, você pode lançar um livro daqui uma semana se você quiser, é só pagar um editora e pronto, você é um "escritor".
Mas a Feira do Livro, digo a FUNPEC, sempre recebe os novos autores muitíssimo bem. Porém, o "lançamento" de novos autores depende muito dos seus contatos. É preciso estar no meio literário da cidade, ficar conhecido, frequentar os eventos literários.
Eu tive e tenho muita sorte porque ao ser convidada pela Presidente, na Feira do Livro de 2013, a frequentar as reuniões da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e Região, fui muito bem acolhida por todos, pessoas extremamente generosas e que acreditam em mim.
Na Feira do Livro deste ano, participei do Salão de Ideias com mais três escritores e foi incrível. O Salão do Palace ficou lotado em pleno feriado.
Senti falta, confesso, do estande dos autores locais de todos os anos (não vou aprofundar-me no assunto porque teria que abordar questões políticas), mas tivemos o “ Espaço dos Autores Locais ".
Recentemente fui convidada, pelo seu realizador, a participar da IV Mostra de Escritores de Ribeirão e Região, que acontecerá em Setembro.  Isso só reforça que a palestra da Feira rendeu bons frutos.
Fui envolvendo-me tanto que não percebi as barreiras, como escrevi no início, tive sorte, tenho " madrinhas " no âmbito literário, isso me dá suporte e alegria.
Os novos autores de Ribeirão e Região que quiserem participar dos eventos literários, podem entrar em contato comigo, caso não conheçam pessoas do meio, que mostro o caminho.
Os escritores da cidade são receptivos.

O Calçadão- O que é o site Farofa Cultural Ribeirão? Conte-nos um pouco sobre esse seu projeto.

Juliana- Eu fui convidada para fazer parte do site (http://www.farofaculturalribeirao.com.br). O Idealizador do site é o Diogo Branco que me ligou numa noite e perguntou se eu estaria interessada em ser integrante do site. Eu disse que sim. Depois fiquei sabendo dos outros dois Integrantes: Mateus Barbassa e Cristiane Bezerra.
Até hoje fico me perguntando o motivo pelo qual fui convidada, acho que já polemizava no teatro ( risos ), virei figurinha carimbada por quem me conhece no meio artístico de Ribeirão Preto, pois não levo desaforo pra casa.
É o melhor site de cultura da cidade, só digo isso!

O Calçadão- Quando teremos um segundo livro de Juliana Sfair?

Juliana: Estou finalizando o meu segundo livro, sempre quero mudar algumas coisas. Mas não tenho pressa, tenho mais é autocrítica.
Ainda não tenho uma data, mas o "O Calçadão" será convidado.


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