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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Os traíras e o destino do Brasil



Traíra, no linguajar moderno, é o sujeito pouco confiável e que não tem escrúpulos em entregar os anéis (dos outros) para preservar os próprios dedos. É o sujeito que joga contra o conjunto por vaidade ou mau caratismo.

A história do Brasil está repleta de traíras do povo brasileiro. Nos poucos momentos onde o povo teve períodos de governo que apontaram para o tão sonhado, e necessário, desenvolvimento com inclusão social, surgiram os traíras do povo, os sujeitos que se curvaram às pressões da Casa Grande, sempre disposta a sabotar os projetos de país para manter o seu poder estabelecido.

Nesses últimos 12 anos, vivemos um período assim, com avanços sociais importantes. Como os avanços sociais não se dão de maneira gratuita, logicamente alguns interesses terão de ser confrontados e quando interesses (de poderosos, de quem já tem algo a perder) são confrontados, há reação. Sempre foi assim.

Nos momentos de reação é que devem ser afirmadas as convicções de um governo que realmente queira construir um novo projeto de país. Mas é exatamente nos momentos de reação que aparecem os traíras, os arrogantes, os vaidosos. A maioria encontra-se na oposição, são traíras sistemáticos do povo brasileiro, como agora quando um senador por São Paulo tenta entregar nossas jazidas de petróleo às multis estrangeiras. Mas alguns encontram-se dentro do governo e são tão ruins quanto os de fora.

O atual período petista é pródigo em grandes figuras públicas mas também em traíras. Coube ao PT, por seus méritos e pelas circunstâncias históricas, encampar uma nova etapa de confrontação de interesses para prover um projeto nacional de desenvolvimento e de inclusão social, com inúmeras atitudes importantes no campo da educação, da distribuição de renda, da geração de empregos e dos direitos sociais. Mas o PT falhou e falha no enfrentamento da reação, não por culpa de sua militância e bases sociais, sempre combativas, mas por culpa de algumas de suas figuras de liderança que não encarnam o sentimento de nacionalidade tão caro aos grandes nacionalistas da nossa história. Não trazem o projeto nacional no sangue e nem o desprendimento característico dos grandes homens.

São vaidosos, arrogantes, trazem consigo projetos pessoais e, no fundo, sonham em poder se sentar à mesa de jantar da Casa Grande, em uma atitude de conciliação perversa e traidora.

Estamos vivendo um momento extremo da reação da Casa Grande, inconformada em perder eleições nos últimos 12 anos. Este é o momento que separa o joio do trigo, que mostra quem é quem. Mostra a diferença entre um ex-ministro que salvou a economia nacional entre 2008 e 2013, gerando mais empregos que em qualquer outro período, e um atual ministro símbolo do comportamento menor na política.

O primeiro foi demitido publicamente ainda no cargo durante a campanha eleitoral. Foi insultado pelo seu sucessor que chegou arrotando poder como se ainda estivesse na sua sala de comando no Bradesco. Sofre insultos na rua exatamente por ser vilipendiado diuturnamente na mídia mentirosa e golpista. E fica quieto, impassível, mantendo uma postura dos grandes homens e dos grandes companheiros que enxergam o projeto para além de seu umbigo.

O outro é há tempos uma figura que joga para a torcida, que vai na direção onde sopra o vento. Não defendeu companheiros que sofriam as agruras de um julgamento midiático, permitiu que seus subordinados estabelecessem sob suas barbas um comando golpista que chegou ao cúmulo de praticar tiro ao alvo com uma foto da Presidente da República! Agora, pressionado pelos fatos e pelas atitudes de sua inoperância, atira novamente contra companheiros. Choraminga para a imprensa. Joga os holofotes do golpe de novo sobre seu próprio partido.

A história do Brasil e do povo brasileiro ainda está em construção. O seu caminhar depende de grandes homens, homens que já existiram e que existem. Depende de homens que carreguem em si o projeto de nação e não o seu projeto vaidoso. Eis o momento de defender esse projeto de governo, eis o momento de mudanças em prol da defesa do povo brasileiro. Se o atual governo não conseguir fazer isso, será derrotado; se o PT não souber enxergar o momento e partir para uma mudança de posicionamento, será derrotado; e o povo brasileiro vai ter que amargar novo período de lutas para reconstruir novamente as bases de um novo processo político de avanço social.

Os pequenos homens passam, a luta permanece.

Ricardo Jimenez

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