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segunda-feira, 30 de março de 2015

Será que dessa vez o professor aprende?


Esse artigo não é para o professor combativo, que sempre foi antenado na política e que sabe, mais do que ninguém, que 21 anos de tucanato representam uma tragédia para a educação paulista.

Não, este artigo é para o professor que reelegeu Geraldo Alckmin sem nenhuma necessidade de debate, sem que ele tenha firmado nenhum, repito, nenhum compromisso de campanha para a educação pública e o professorado. 60% dos professores passou um cheque em branco para que o tucanato continuasse a fazer mais do mesmo. 

Ele ele fez, e faz!

Nos engana todos os anos com um bônus nada transparente e que trata os desiguais com as mesmas ferramentas (isso é a raiz da exclusão e não da inclusão), fere a dignidade do professor ao pressioná-lo a não requerer seus direitos em caso de agressão ou assédio moral, entra na justiça contra a política de piso salarial, coloca milhares de temporários no desemprego a cada ano e faz os efetivos trabalharem em 2, 3 escolas para completarem sua jornada e tirarem, no máximo, 3700 reais por mês (para aqueles com mais de 10 anos de trabalho).

O sindicato nos chamou à greve e sofreu xingamentos de ódio de muitos professores. O governador nos chamou de "noveleiros" e não recebeu sequer uma reprimenda pública. Desdenha do movimento grevista, coloca diretores para perseguir grevista, seduz e usa os temporários para "furar" a greve, chama uma negociação com o sindicato para não oferecer nada!

Nosso mecanismo de greve é um direito legítimo e ainda o único e doloroso recurso que temos para lutar por nossos direitos. Mas fica cada vez mais claro que é na luta política que conseguimos alcançar avanços. Não é possível que uma categoria profissional, mesmo com todo o massacre e enfraquecimento que sofre há 2 décadas, reeleja um mesmo grupo político por 5 vezes seguidas sofrendo tudo o que sofre e sem a necessidade de debate ou de firmar mínimos compromissos.

São Paulo é o Estado onde o reacionarismo e o poder manipulador da mídia e do tucanato é mais forte. Certamente que na passeata do dia 15 tinham muitos professores pedindo o impeachment de Dilma Roussef e que são eleitores de Alckmin. Mas não é nem para esses que escrevo, esses não têm mais jeito. Escrevo para o professor que ainda consegue argumentar e que ainda busca se encontrar em meio ao turbilhão dantesco em que a política foi transformada nos últimos tempos.

Será que o anti-petismo vai ser capaz de perpetuar o tucanato no poder em São Paulo? Será que o professorado paulista não será jamais capaz de comparar formas diferentes de administração? Será que vão entender de uma vez por todas que a imprensa não é imparcial, que ela tem lado e é aliada do tucanato?

O tucanato completará 1/4 de século governando São Paulo em 2018 e continuará a ser protegido pela mídia amiga.

Ricardo Jimenez


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