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segunda-feira, 30 de março de 2015

Projeto Nacional em Xeque: que fazer?


Sempre que o conservadorismo reacionário atentou contra um projeto de país com o qual não concordava, ele lançou mão da mesma tática: unir o poder midiático com o grupo político interessado em assumir o poder para defender as bandeiras do entreguismo. À mídia cabe levar a mentira, a omissão e a manipulação para a população e ao grupo político, agir como oportunista dando corda no processo golpista.

O tema de que lançam mão é o mesmo: corrupção. Como, geralmente, os grupos políticos populares fazem sua caminhada acusando as mazelas dos grupos conservadores, reverter o processo é uma tática bastante eficiente, porque faz com que aqueles que acreditaram na "revolução" acabem desacreditados não só do grupo político mas da política como um todo.

Em meio ao "são todos iguais" e "vejam, eles nos traíram", a mídia pousa de bastião da moral e o grupo político oportunista se coloca estrategicamente para assumir o poder, protegido por sua parceira poderosa.

O governo enfraquecido não tem mais condições de liderar uma pauta progressista e acaba cedendo poder à uma pauta regressista, bem de acordo aos grupos que vivem de sugar a produção nacional e não têm nenhum interesse em alterar o status quo imperante.

Repito: Vargas sofreu com isso, Jango sofreu com isso, Brizola sofreu com isso e o PT sofre com isso. O atual avanço desse esquema reacionário envolvendo mídia, parte do judiciário e tucanato visa não só apear o atual projeto de poder, mas acabar com o partido que lhe dá estrutura.

Que fazer?

A situação não é fácil. A coisa que mais facilmente tira qualquer governo da crise é a economia. Foi assim com Lula em 2006. Mas dessa vez a situação econômica no médio prazo é complicada. A aliança mídia-tucanato conseguiu, por enfraquecimento governamental, colocar no centro do poder a figura de um Ministro ligado aos arrochos neoliberais e ainda por cima falastrão, que desrespeita o antigo Ministro e a própria Presidente.

Mesmo que necessárias, a forma como as medidas de ajuste foram tomadas deu caldo para a oposição fustigar ainda mais o governo.

Não tem outra saída. O governo precisa governar e para isso tem que acertar o presidencialismo de coalizão. Isto significa que é preciso dar poder ao PMDB. Às vezes é fundamental dar um passo atrás para se dar dois à frente, já ensinava Lênin na obra Que Fazer?

Com o acerto do presidencialismo de coalizão será possível dar continuidade nas obras de infra-estrutura, a partir dos importantes acordos de leniência realizados pela AGU e as empresas envolvidas na tal da Lava-Jato.

Em toda crise de crédito mundial, há um período em que a curva descendente se torna aguda e parece que tudo será tragado. Mas sempre há fatores que fazem a curva começar a se inverter, e o principal fator é a necessidade econômica de uma população de 7 bilhões de pessoas.

A crise vai se amenizar, isto é fato. O que o governo precisa é de tempo para se rearrumar e tocar as coisas em frente. Uma lição das 4 últimas eleições é a de que o povo fecha com as pautas do emprego, do nacionalismo e da melhoria social. O povo não fecha com os ajustes neoliberais, o povo não fecha, em situações normais, com o PSDB.

Não será tarefa simples, mas se a situação for revertida, será preciso uma forte ação política para se fazer a reforma mais importante do momento: a reforma de mídia. Em nenhum país democrático do mundo há um monopólio de mídia tão forte quanto no Brasil. Isto não é só prejudicial ao partido que está no governo representando o projeto Trabalhista, é prejudicial ao povo, à nação, que fica refém de uma comunicação parcial e anti-nacional.

Obs) Há outros dois aspectos a considerar: o isolamento das pautas da extrema-direita e, assim, isolar também a ação da aliança mídia-tucanato; e o papel que deve jogar o PT e os demais movimentos sociais. Por falta de espaço, cada um desses assuntos será tratado em artigos específicos.

Ricardo Jimenez

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