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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Reformar a Política: para quem?



A vitória do senhor Eduardo Cunha para presidir a Câmara dos Deputados foi uma vitória da Globo e uma derrota de inúmeros movimentos sociais e do povo brasileiro, principalmente dos 54 milhões que reelegeram Dilma em novembro do ano passado.

Com Eduardo Cunha no comando da Câmara, perdem aqueles que lutam por pautas progressistas, como a discussão sobre a descriminalização do aborto, a união homo-afetiva e a adoção de filhos e, principalmente, perde toda a sociedade por causa da paralisação do debate sobre a regulamentação da mídia e sobre uma reforma política que atenda aos anseios e interesses do Brasil.

Eduardo Cunha é o resultado direto de dois movimentos que se intensificaram nos últimos tempos: a campanha enganosa feita por uma mídia monopolista que busca transformar a prática política em algo asqueroso, mas que protege seus "queridinhos", e o encarecimento cada vez maior das campanhas políticas, o que privilegia a participação de empresas e os conluios dessas com determinados políticos. Isso tudo fez com que o Congresso eleito fosse o mais conservador dos últimos tempos, condição essa que também se reproduz nos parlamentos estaduais e municipais, com cada vez menos representatividade de movimentos populares e cada vez mais peso do agronegócio, do "evangelismo" de business e dos magnatas rentistas.

Em meio à esta crise de representatividade cabe a pergunta: reformar a política para quem?

Uma reforma política saída da agenda comandada por Eduardo Cunha só tende a acentuar o descalabro atual. Vejam o exemplo de Ribeirão Preto. Nos últimos 20 anos quais foram os nossos representantes na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional? Nenhum deles foi eleito sendo representante do movimentos populares, nem Palocci. Todos gastando fortunas e sendo eleitos com votos de outras cidades, onde impera o apadrinhamento: as verbas parlamentares forjam a aliança com o cacique local e esse garante os votinhos que encherão o embornal do candidato. Todos carecem de prestígio e conhecimento dentro de sua própria cidade.

Com a agenda de Eduardo Cunha, que já se iniciou com aberrações como o Dia do orgulho Hétero e a transformação da TV Câmara numa TV gospel, somente os caciques políticos e os ricos empresários e latifundiários terão representação nos parlamentos. O voto fechado em lista partidária é bem isto, entregar para os comandos partidários a escolha das bancadas nos parlamentos. Para essa gente causa arrepios a proibição de doações empresariais em campanhas (eles têm até Ministro do STF que fecha com eles). Todos recebem e muito de todas as empresas com interesses na política, até das tais empreiteiras da tal lava jato, apesar de os vazamentos para a Globo serem seletivos.

Enfim, está longe o dia em que a pauta da reforma política encampe os interesses do Brasil e do povo, com eleições mais limpas, mais baratas, mais democráticas e com um sistema que privilegie a participação popular. Eu sou favorável ao financiamento público de campanhas, ao limite de gastos e a todos os mecanismos que propiciem ao povo, ao trabalhador poder concorrer em pé de igualdade para os cargos políticos e, também, poder ter uma participação direta nas decisões políticas, como o mecanismo do orçamento participativo e dos conselhos populares, que devem inclusive ter participação nas audiências públicas nos parlamentos locais, nos municípios, que é fundamental para a democracia e para o país.

obs) Deixo aqui um vídeo que discute um pouco sobre esse assunto: 



Ricardo Jimenez




2 comentários:

Fran Zaila disse...

Muito bom!

Fran Zaila disse...

Esses seres são mestres em distorcer os fatos.

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