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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Pré-Sal é "quase" nosso!





Em setembro de 2009, o presidente Lula lançou oficialmente o chamado Pré-Sal, uma nova fronteira exploratória de petróleo há 7 km de profundidade, abaixo de uma camada de sal, e que tem o potencial de mais do que duplicar nossas reservas. 
Todo o processo de mapeamento geológico e de planejamento da ação exploratória se deveu a uma mudança de postura da empresa após a vitória de Lula em 2003, com o fortalecimento do setor de pesquisas e o ressurgimento da indústria naval petrolífera.
A oposição  (diga-se PSDB e sua parceira preferida, a Globo), que em 1997, em pleno período de avanço neoliberal, quebrou o monopólio estatal do petróleo (permitindo que as gigantes internacionais operassem o petróleo nacional pagando apenas impostos e royalties, com o chamado sistema de concessão) e transformou a Petrobrás numa espécie de souvenir prestes a ser negociado (vide a mudança de nome para Petrobrax), tratou o pré-sal, a princípio, com ironia, ora dizendo que os poços eram secos, ora chamando Lula de garoto-propaganda de produto enganoso.
Ao se constatar que o "produto" era verdadeiro e de boa qualidade ( hoje, só com os campos de Tupi, Búzios e Libra, as reservas do pré-sal ultrapassam os 20 bilhões de barris recuperáveis e a produção diária já está em 500 mil barris), o jogo começou a mudar. 
A vitória de Dilma em outubro de 2010, a mudança do marco regulatório para o pré-sal, estabelecendo o regime de partilha, em dezembro de 2010 (dando para a Petrobrás e para o Estado brasileiro, novamente, o controle estratégico do petróleo) e a refinaria Abreu e Lima sendo construída (hoje, a maior refinaria brasileira já produz diesel e também produzirá gasolina), foram um banho de água fria nos planos das gigantes do petróleo mundial (é bom lembrar que José Serra havia, em 2010, prometido para a gigante Chevron que, se eleito, voltaria ao regime de concessão no pré-sal). 
Foi exatamente nessa altura dos acontecimentos que o mecanismo do golpe foi acionado. Era a chance do "segundo mensalão", dessa vez no coração de todo o sistema de desenvolvimento nacional: o sistema petrolífero.
Agora é preciso que se diga claramente que, desde que chegou ao poder, uma parte do PT acabou traindo seus ideais e os ideais de sua militância e de seus eleitores, e, se aproveitando de estruturas já montadas, usou dos mesmos processos e métodos usados por aqueles que o partido tanto criticava e se dizia diferente. Isso abriu flancos para o mensalão e agora para a crise que envolve a Petrobrás ( que sofre ataques midiáticos apesar dos recordes de produção). Ponto.  E digo também que essa verdade em relação a uma parte do PT em nada inviabiliza a minha análise futura, que se dá na comparação entre um posicionamento entreguista e anti-nacional ( marcado pela parceria Globo/PSDB) e um posicionamento de tendência trabalhista e nacionalista ( marcado pelos governos Lula/Dilma desde 2003). Essa visão mais global e estratégica é importante para marcar posição e continuar decidindo para o bem do país, como fez o povo brasileiro ao reeleger Dilma agora em 2014. Ponto.
Tanto o chamado mensalão, quanto essa atual crise envolvendo a Petrobrás e tantos outros esquemas de corrupção têm um ponto em comum: a promiscuidade na relação entre público e privado no Brasil e a indecência dos processos de financiamento eleitoral feitos pelas mesmas empresas que fazem contratos com os governos ( realidade que o PT não ousou mudar). E isso envolve todo mundo (partidos e empresários), mesmo que nossa mídia oficial, monopolista e golpista, tente nos fazer crer que apenas um partido é o culpado ( coincidentemente o partido que governa tomando posições contrárias ao que sempre defendeu essa mesma mídia ). Essa realidade é uma estrada asfaltada para tentativas de golpe. Tentam esconder que Pedro Barusco, Fernando Baiano, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa (muitos desses com depoimentos de delação premiada na operação Lava-Jato) operam sistemas de corrupção na Petrobrás desde 1998; tentam esconder que foi através de um parecer do Advogado-Geral da União em 98, que gerou um decreto presidencial, que a Petrobrás passou a fazer contratos sem licitação; tentam esconder, também, que esse mesmo Advogado-Geral na época é o atual ministro Gilmar Mendes, que segura há 9 meses o processo de proibição de doações empresariais para campanhas eleitorais ( uma das principais raízes da corrupção). E pior, tentam esconder que o doleiro Alberto Yussef é cria tucana, operando com lavagem de dinheiro desde o escândalo do Banestado em 2003 ( e que era num jatinho de Yussef que viajava o então candidato ao governo do paraná em 98, atual senador Álvaro Dias). Aliás, o mesmo que fizeram com o fato de que Marcos Valério construiu o esquema de caixa dois eleitoral operando para o PSDB de Minas.
E porque o pré-sal é quase nosso? 
Porque o Brasil ainda é e será por muito tempo um país em disputa. Não é só o pré-sal que é quase nosso, nosso destino enquanto povo e país também é quase nosso. Aliás, essa luta pelos destinos nacionais não é nova, apenas se repete desde que Vargas lançou as bases do Trabalhismo e fundou a Petrobrás!
O avanço neoliberal a partir de 1990 foi uma tragédia na América Latina: miséria, desemprego, desmonte nacional. O que grande parte da Europa passa hoje, nós passamos há 15 anos atrás, porque não tínhamos na época um "Estado de Bem-Estar Social", que eles tinham e que agora vem perdendo, enquanto nós lutamos para montar. É justamente na América Latina, onde políticas não neoliberais foram adotadas nos últimos 15 anos, que a desigualdade mais diminuiu aqui, e, como ainda somos uma região extremamente desigual, precisamos avançar mais e nosso inimigo é o neoliberalismo. E a realidade da América Latina é a realidade do Brasil: a luta contra o modelo neoliberal e pelo aprofundamento das políticas de promoção social.
O pré-sal ainda não é todo nosso porque temos um sistema de mídia golpista e monopolizado que joga contra os interesses nacionais. Precisamos de uma lei de mídia como fez o Uruguai do grande Pepe Mojica aqui. O pré-sal ainda não é nosso porque temos um sistema eleitoral que privilegia o poder econômico e faz com que o conservadorismo cresça no Parlamento. Temos que reformar o sistema eleitoral para que a montagem de um ministério de um governo como o da Dilma não tenha que fazer tanta concessão à direita, ao agronegócio e ao conservadorismo para poder governar. O pré-sal ainda não é totalmente nosso porque a nossa sociedade ainda não tem mobilização suficiente para forçar um governo a tomar medidas que aprofundem as políticas populares, e que diga claramente para a presidente eleita: Dilma, governe em nome daqueles que a elegeram!!
As vitórias eleitorais conquistadas desde 2003 são vitórias parciais, porque o governo ainda não é aquele com o qual sonhamos e temos nos nossos calcanhares algo muito mais destruidor: os entreguistas neoliberais que, felizmente, temos conseguido manter longe do poder central. Como disse a mulher de Mojica: " a América Latina respirou aliviada". Ainda é uma respiração meio entupida, dona Lúcia, mas é uma respiração.

Ricardo Jimenez, professor, químico e fã de samba de raiz!

2 comentários:

Anônimo disse...

Pedrada! Parabéns Calçadão!!

Antonio Carlos disse...

Concordo com você Prof. Ricardo. Ainda temos muita luta árdua pela frente.

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